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Conversa reversa

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Foto: Internet — Centro Pastoral Afro FRANCISCO AIRES AFONSO FILHO* Tata Nganga Ngunzetala, graduado em teologia (Fateb, 1994) e pedagogia (UnB, 2002), pós-graduado em direito administrativo disciplinar (UnB, 2006) [Artigo publicado no jornal Correio Braziliense, 27/9/2022] ______________________________________ A comunidade afrotradicional de Brasília e Entorno se viu, na semana passada, acusada de intolerância e invasão a um templo cristão de confissão romana, em Sobradinho, quando uma recém-iniciada no candomblé entrou e saudou o altar-mor como parte da ritualística e da liturgia do processo iniciático do candomblé. Ouviam-se palavras de exorcismo, como se aquelas pessoas fossem o demônio. O pároco se sentiu afrontado. Ele registrou que não houve nenhum ato de vandalismo por parte das pessoas que vestiam indumentárias e roupas litúrgicas do candomblé. Depois de algumas reações, além de vídeos que soavam como um pedido de perdão em nome das tradições afro, o bispo ressaltou o mal-est

CONVITE: FESTA DE COSME & DAMIÃO DIA 23

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SALVE NOSSA MÃE IEMANJÁ

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Hoje, 2 de fevereiro, é dia de saudar Iemanjá, a grande mãe dos oceanos, a senhora do encontro das águas. É o orixá acolhedor, que cuida de seus filhos com generosidade suprema. Hoje é dia de festa no mar. Hoje, o Brasil está em festa. Ao mesmo tempo, movimentos de povos tradicionais de matriz africana lançam hoje um amplo manifesto e um abaixo-assinado que, ao longo deste ano, pretende colher milhões de assinatura, para que a data seja considerada feriado nacional em homenagem aos povos tradicionais de matriz africana. Vivemos um tempo triste de grandes retrocessos, de acirramento do racismo, da intolerância às diferentes formas de diálogo com o sagrado, com a tradição alimentar dos descendentes dos povos de matriz africana. Os negros são satanizados pelos fundamentalistas neopentecostais. O poder público ignora as agressões e a violência praticadas contra os negros, que os tornam vítimas majoritárias de homicídios, inclusive, pelos agentes de segurança pública. O r

Reportagem associa tráfico de animais silvestres a práticas das religiões de matriz africana

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"A píton real é, inclusive, o símbolo de uma divindade – Dan – sendo por isso sacralizada", explica a ANMA Explícito ou disfarçado, o racismo assume várias formas, que permeiam todos os setores e camadas sociais. Ao longo do tempo, a mídia, controlada pelas elites conservadoras, reforça esse comportamento deplorável e inadmissível em relação ao povo negro. Depreciar o negro e toda e qualquer manifestação em que afrodescendente são protagonistas é parte de uma estratégia dominadora e perversa. Mais: mostra que o capital está nas mãos de ignorantes. Às vésperas de o Supremo Tribunal Federal apreciar a constitucionalidade do abate tradicional pelos afrodescendentes, uma reportagem imputa aos negros a pecha de sacrificar animais selvagens em seus cultos religiosos. Mais uma, entre inúmeras, infâmias assacadas contra o povo negro. A reportagem da TV Globo mereceu rápida reação da Associação Nacional de Mídia Afro (ANMA), que rebateu os termos da matéria e confrontou a emis

Carapicuíba comemora o 1º Plano Municipal de Desenvolvimento Sustentável dos Povos Tradicionais de Matriz Africana

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A Década Internacional de Afrodescendentes foi iniciada em 1º de janeiro de 2015, por meio da Resolução nº 68/237, de 23 de dezembro de 2013, proclamada pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, e se estenderá até 31 de dezembro de 2024. O lema é "Afrodescendentes: reconhecimento, justiça e desenvolvimento". O principal objetivo da década é promover o respeito , a proteção e a realização de todos os direitos humanos e liberdades fundamentais de afrodescendentes, como reconhecidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos.  Estima-se que nas Américas haja 200 milhões de pessoas que se reconhecem como afrodescendentes. No Brasil, eles somam 52% dos 204 milhões de brasileiros, e ainda são vítimas de racismo, intolerância religiosa e preconceitos. A depreciação do negro brasileiro está presente na educação, no mundo do trabalho. As políticas públicas são insuficientes para mudar esse cenário e quebrar o perverso círculo construído pelo racismo. As polític

Entidades lançam frente em defesa das religiões e dos povos tradicionais de matriz africana

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Diante do crescimento da intolerância e do racismo contra cidadãos dos povos tradicionais de matriz africana, com o objetivo, entre outros, de cercear o direito às práticas religiosas ancestrais, o Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (Fonsanpotma), o Coletivo de Entidades Negras (CEN) e a Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro), lançaram manifesto em defesa dos direitos dos segmentos que representam. Concitam ainda todos os demais setores ao engajamento nessa luta em defesa dos avanços consagrados na Constituição de 1988 e reconhecidos por organismos internacionais. O intuito é, unidos, barrar os retrocessos na legislação, voltados à eliminação, não só de direitos, bem como  das conquistas socioeconômicas alcançadas nas últimas décadas. A seguir a íntegra do manifesto das entidades, que esperam a adesão de todos engajados na mesma luta em defesa da preservação do Estado laico , do reconhecimento da pl

Umbanda é acima de tudo servir

Tata Ngunzetala Teoricamente a defino como um portal ancestral que tem as características próprias de acordo com o grupo que a forma.  A formação da  mônada   (1 )  e  egrégora   (2)   espirituais são de acordo com o grupo. Existem grupos de Umbanda que são quase uma igreja cristã, outros quase um candomblé, outros quase uma pajelança, outros quase um acampamento de cigano e há até mesmo grupos que parecem mais com templos de tradições orientais como o budismo e hinduísmo por exemplo. Mas a Umbanda mantém uma estrutura teológica coerente onde todas as linhas têm o seu espaço no grande portal espiritual ancestral, e sendo o Preto Velho e o Caboclo, por exemplo, seus maiores expoentes de ação e manifestação do amor divino, seguindo-se das diversas linhas espirituais de Orixás, das almas, das águas, de "esquerda" e tendo por Deus maior  Nzambi , que se manifesta na diversidade da natureza e de seus guias, sob a paz do manto de Oxalá englobando